O conto do sábio chinês

Postado por leandro Categoria: Blog

Quando você imagina um estereotipo de velhinho chinês cheio de sabedoria, como nos memes da internet, saiba que esta figura se origina das antigas charges chinesas retratando Lao Tzé. Diz a lenda que Lao Tzé trabalhava na biblioteca imperial da Dinastia Chang, cerca de 1600 a.C. Lamentando a corrupção dos poderosos, aos 40 anos abandonou a corte e tornou-se um eremita nas montanhas. Já com idade avançada, a sair da China indo para o Tibet, o guarda da fronteira lhe perguntou se carregava algo de valor. – Apenas conhecimento – Então, a pedido do guarda, o sábio chinês escreveu seus ensinamentos em um pequeno livro. Deixou-o com o guarda e partiu para nunca mais ser visto. Este livro era o famoso Tao Te Ching (O livro do caminho) que teve sua primeira tradução em português em 1973 pelo professor Huberto Rohden, editora Martin Claret.

 

A não-filosofia

Portanto, é de origem Taoísta, o velho conto do sábio chinês. A mesma origem do famoso símbolo yin yang e dos bordões filosóficos tão conhecidos no ocidente moderno como o “caminho do meio”. Até mesmo Raul Seixas tem uma canção com este nome. E a letra é justamente o conto integral:  “Era uma vez um sábio chinês que um dia sonhos que era uma borboleta. Até que acordou e uma dúvida lhe acompanhou: Ele era um sábio que sonhou que fosse uma borboleta? Ou é uma borboleta sonhado que é um sábio chinês?

Esta indagação é o que chamamos de filosófica. No entanto, as tradições orientais antigas não se baseiam em pensamentos. Os povos meditadores são intuitivos. As técnicas por trás deste e de outras centenas de contos como este são para se desligar dos processos de pensamento, que roubam nossa atenção, e encontrar a ligação com a vida e com o universo.

Toda criança é um sábio chinês

A criança é pura vida acontecendo. Sua mente ainda não está tão personalizada. Mas vai acontecer. É inevitável. Por isso a meditação é importante desde cedo. Ajuda a manter este caminho interior, que nos conecta à natureza, sempre limpo e acessível. Assim, a mente racional pode evoluir sem deixar que se acumule pensamentos demais que separem a criança – ou seja, cada um de nós – da vida como um todo.

Minha versão do conto do sábio chinês não é apenas um livro infantil no sentido convencional. É também um livro para adultos voltarem a ser crianças, mas conscientes. Isso é sabedoria. Nada mais que isso.

Os poemas, imagens e atividades deste livro “aumentam o volume do mundo interior” promovendo uma re-descoberta natural de um estado de ser calmo, realizado, feliz. No processo de crescimento, nada mais que a intuição, a imaginação e o silenciar da mente para manter esta conexão.

 

O conteúdo do livro

 

 

 

 

 

 

 

 

  • As imagens para colorir aprofundam os laços com o tema da obra. Preparam a criança para sempre lembrar do seu sábio chinês interior.
  • Hoje falasse muito em meditação guiada. O texto “Tema de casa” da página 17 pode ser usado para esse propósito. Ler para a criança enquanto ela imagina a aventura.
  • A canção “Chuva em pó” fala sobre a conexão de nossas emoções com as estações do ano. Não deixa de ser um poema taoísta. Esta canção está diluída nos poemas do livro.
  • Todos nós já tivemos a experiência de ver uma borboleta ou um passarinho entrar pela janela da cozinha. É aquele furdunço! E logo o animal sai e desaparece no mundo. Não é assim que funciona o pensamento da gente?
  • Uma das canções mais Zen da MPB sem dúvida é a canção de roda que fala da casa muito engraçada sem teto e sem nada. (A casa – de Vinicius de Morais) – (Rua dos bobos Leandro Zen) Para mim, uma brilhante possibilidade de se trabalhar a essência do nosso Ser. Uma verdadeira poesia sobre o estado de meditação.
  • Trabalhamos a morte também neste livro. Tema demasiado sério? Depende da abordagem. Pois a morte significa desapego e este conduz à empatia. Não só os pensamentos vão embora, mas a vida como energia, se transforma a cada dia. A conexão com a natureza jamais poderia deixar de nos conscientizar desse processo tão natural. Os poemas “ Jardim” e “Conchinhas do mar” tratam disso.
  • Por fim, a “Coragem de flor” significa não se identificar tão somente com os processos mentais como raiva e tristeza. Significa que tudo passa. E que seu estado natural é muito maior que este tornado. Coragem significa que não precisamos fundamentar toda nossa vida breve em apenas circunstancias de nossas novelas mentais.
  • Por isso a prática ou mesmo o debate sobre meditação é a maior contribuição de Lao Tzé e outros tantos muitos mestres desse assunto espalhados pelo mundo. Nos dias de hoje sabemos o quanto a mente tem se tornado nossa transtornada inimiga. Isso não precisa ser assim. Estamos apenas sonhando que somos sábios chineses…

 

         Leandro Zen > escritor, compositor, produtor cultural

 

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